terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

SE VOCÊ É JOVEM AINDA...

“Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda,
Amanhã velho será, velho será, velho será!
A menos que o coração, que o coração sustente
A juventude, que nunca morrerá!”

(Chaves)

 “Não deixe o entusiasmo da mocidade fazer com que você esqueça o seu Criador. Honre a Deus enquanto você é jovem, antes que os dias maus cheguem, quando você não vai mais ter alegria de viver.”
(Eclesiastes 12.1, Bíblia Viva)


Eu já ouvi algumas boas mensagens exortativas para jovens sobre o texto bíblico citado acima. Ele nos remete, imediatamente, a refletir sobre a fugacidade da juventude. Fazendo uma analogia com o que Fernando Birri disse a respeito da utopia, podemos comparar a juventude com o horizonte: à medida que corremos atrás dela, mais ela foge de nós.

Vivemos dias em que corremos, preocupadamente, em busca das características superficiais da juventude – características estas que cada vez mais se afasta de nós com o passar do tempo. A beleza estética, a capacidade intensa de usufruirmos dos prazeres, o sabor vaidoso das conquistas individuais, sejam pessoais, profissionais ou de qualquer outra natureza, são algumas que podemos citar como exemplo. Não creio que nenhuma destas coisas sejam erradas quando almejadas de forma moderada, mas o preocupante é a priorização exagerada dos jovens em potencializar essas características. Um dia todas elas se esvairão com o tempo e, então, o que restará?

A concepção comum e errônea do que é ser jovem e de como aproveitar a juventude está intimamente relacionada com as características citadas acima. Inevitavelmente, quanto mais nos aproximamos avidamente destas características, mais nos esquecemos de Deus. Esquecer aqui ganha o sentido de não dar importância, não dar atenção, deixar de lado. Quando nos esquecemos de Deus, perdemos a percepção do real sentido das coisas. Lembrar de Deus, pelo contrário, nos abre o entendimento para o sentido verdadeiro da realidade. Lembrar do Criador nos dias na mocidade significa ser jovem no melhor sentido que esta expressão pode ter.

Ser jovem é muito mais do que gozar do vigor da juventude de forma hedonista e egoísta. Ser jovem é um estilo de vida: que irradia a alegria contagiante de viver, mesmo nas circunstâncias adversas da vida; flexível para aprender o que é novo e a mudar, sem se esquecer da importância do que as gerações anteriores construíram no passado e; baseado na esperança de um futuro melhor para a humanidade e na disposição de lutar por esse futuro.

Se você é jovem ainda, continue sendo até os últimos dias de sua vida. Viver um estilo de vida jovem independe da idade ou dos atributos físicos do corpo, pois está mais relacionado à postura com a qual vivemos. Conheço pessoas cujo coração não envelheceu com o passar dos anos. Os transtornos e dificuldades da vida não foram capazes de lhes tirar o espírito jovem marcado pela alegria de viver, pela flexibilidade em aprender e a mudar e pela esperança no futuro.

Se você é jovem ainda, encare as adversidades com alegria. Jesus disse: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Quanto mais perto de Cristo estamos, mais nos sentimos em paz nos momentos difíceis. Como diz o Capitão Nascimento: “Pode tá o pau quebrando, você vai fazer tudo com calma”. Isto não significa que ficaremos insensíveis aos problemas que nos ocorrerem, mas a certeza do cuidado de Deus nos incentiva a olhar para frente e seguir para transpor os contratempos da vida.

Se você é jovem ainda, esteja sempre disposto a aprender coisas novas e a mudar. Ser conservador não é uma característica exclusiva dos mais velhos. Não são poucos os jovens que têm grande dificuldade em absorver as mudanças sócio-culturais, porque, muitas vezes, isso significa sair do seu lugar de conforto. Além disso, muitos daqueles que foram jovens que almejavam novos tempos para sua geração, hoje têm dificuldade em aceitar as mudanças propostas pelas gerações emergentes. Uma música chamada “Como nossos pais”, cantada por Elis Regina, trata desta questão da contradição da juventude em querer mudar o estado atual de coisas, mas, com o passar do tempo, essa mesma juventude se torna tão nostalgicamente amante do passado como as gerações anteriores. Quem nunca ouviu seus pais ou avós dizendo: “No meu tempo é que era bom”? Possivelmente, muitos destes que dizem isso hoje, no seu tempo, não aceitavam as coisas como elas eram. Deus é um deus do passado, do presente e do futuro. Ele não tem preferência por uma época específica e nem por um tipo de cultura específica, mas entende e age de uma forma diferente em cada uma delas. Para Ele, todas as épocas e culturas têm sua importância na história da humanidade. Ser jovem é compreender isso.

Se você é jovem ainda, tenha esperança de que um futuro melhor para o mundo é possível e se coloque ao dispor de Deus para que isso aconteça. Ser jovem é ter esperança de que todas as pessoas, sistemas e culturas são recuperáveis pela graça de Jesus e é assumir a responsabilidade de mudar o contexto social, econômico, político e espiritual do mundo. Tenho visto surgir uma geração interessada pela condição espiritual da humanidade de maneira integral. Que não aceita a imposição da idéia de que o jovem não precisa abrir mão de si mesmo para seguir um ideal e em favor do próximo. “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” são as palavras de Jesus. A agência missionária JOCUM (Jovens Com Uma Missão) mobiliza jovens no mundo inteiro para a evangelização das nações, crendo que esta missão dada por Jesus para a igreja se aplica diretamente à juventude. Nós, jovens, fomos chamados por Deus porque somos fortes. E a nossa força está na esperança e no amor pela luta, uma luta que o próprio Cristo nos deu para lutar.

Se você é jovem ainda, lembra do Teu Criador enquanto é jovem e aproveite cada minuto de sua juventude intensamente ao lado Dele. Independente da idade, ser jovem é viver uma vida diferente das tendências da maioria, sendo contagiantemente alegre em fazer a vontade do Pai, aprendendo com Ele a viver e acreditando esperançosamente na concretização de grandes sonhos Dele para a humanidade.  Sustente em seu coração essa juventude que transcende os limites físicos e do tempo e que te acompanhará até a eternidade.

Por Fabrício Guimarães

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Diante do mar

Um homem parado numa praia deserta contempla a imensidão do mar diante dos seus olhos. Era um dia nublado e estava prestes a escurecer. Ele fixava seu olhar diante daquele gigante, preocupado com o fato de que, em pouco tempo, não o veria mais como naquele momento. Porque a luz do dia seria dissipada pelas trevas da noite que chegava e apenas as margens do mar, próximas às alvas areias da praia, estariam ao alcance de sua visão. Seria ainda mais difícil encará-lo de frente!

Ele se sentia perplexo e impotente em face àquela infinidade de águas rugindo em direção à ele, através das ondas que se formavam e cresciam uma após a outra. Estava prestes, mais uma vez, a correr para longe daquele lugar. Queria ter coragem para lançar-se sobre o mar e nadar contra a direção que as ondas indicavam, mas o medo que lhe acompanhou durante toda sua vida acorrentava seus pés naquelas areias.

Tantas vezes esteve naquela praia! Sozinho, absorto em pensamentos melancólicos e desencorajadores. Muitas foram as tardes em que passou diante daquelas águas, buscando forças em si mesmo para superar o medo do temível e truculento oceano, cujo fim não podia ser visto pelos seus olhos.

Mas, esse momento era pior do que todos os outros, porque nenhuma daquelas tardes em que esteve ali haviam se tornado uma noite, nem chegado perto disto. Ele sempre corria bem antes de escurecer, antes que as coisas ficassem pior do que já se encontravam.

Enquanto a sombra da noite chegava, levava embora o pouco, ou quase nada, da luz de esperança de vencer que lhe restava. Ele sentia que nunca mais voltaria àquela praia, não queria mais se encontrar com a derrota.

Já era noite, ele não sabia o que fazer, não tinha mais forças nem para correr dali. De repente, ao olhar despretenciosamente para o horizonte, pois imaginava que não enxergaria mais a linha que instantes atrás era tão evidente, viu um farol aceso que iluminava as águas que haviam se tornado negras. Aquela luz lhe causou uma reação inesperada e irracional. O medo do mar ainda estava presente dentro dele, na verdade até aumentou com a chegada da noite, mas ele foi tomado por uma vontade impetuosa e involuntária de alcançar a luz daquele farol. Durante todas as vezes em que estivera ali, não havia percebido a existência dele, porque não conseguia enxergar mais nada além do que o mar, para ele furioso e ameaçador. Mas o farol sempre esteve ali.

Agora, crescia dentro dele um sentimento irresistível que o atraía para aquele farol, tão ofuscante no meio daquelas trevas que ilumava tudo ao seu redor e desenhava no mar como que um caminho de luz em direção ao local onde se encontrava, na areia. Sua covardia permanecia viva, mas era impossível olhar para aquela luz e não querer tocá-la. Atirou-se correndo ao mar, em direção ao farol, sem saber como ou se o alcançaria. Mas, nada mais importava. Nem o seu medo, nem o tamanho do mar, nem as ondas, nem a escuridão, nada mais, só a luz.

Por Fabrício Guimarães.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

J.J. Jameson (o chefe do Homem Aranha)

    Por Fabrício Guimarães.

Ao olhar para cruz


Ao olhar para cruz
Os olhos se fecham para si mesmo
E o coração de quem não mais vê a si próprio
Se abre e enxerga a Deus.
Pois, se o coração não sente o que os olhos não vêem,
O coração de quem cujos olhos se fecham para si
Não sente mais o próprio eu.
E, sem sentir-lhe, se sente vazio,
Um imenso vazio do que lhe é próprio.
Mas, os olhos não se importam em ver um coração vazio de si
Porque vêem muito mais além ao olhar para cruz:
Um coração cheio de Deus.

Por Fabrício Guimarães